A ligação entre Nogueira, Fraião e Lamaçães foi recentemente reforçada, em 2013, na sequência da reforma administrativa nacional, que ditou a agregação das três freguesias. Esta ligação tem vindo a ser construída ao longo dos anos, principalmente devido à proximidade entra as três. Fazendo-se valer dessa proximidade geográfica, as antigas freguesias formam agora uma união, constituindo atualmente uma das maiores freguesias do Concelho com 13 054 habitantes (censos 2011).
Nogueira
Génese de Nogueira
As herdades de algumas freguesias de Braga doadas ao Bispo D. Pedro, entre as quais várias de Nogueira, destinavam-se a sanar o problema económico, já que era preciso um rendimento grande para se poder construir a Sé e os seus edifícios anexos destinados ao Prelado, ao Cabido e à Escola Episcopal (Cf. J.Avelino Jesus Costa, "O Bispo D. Pedro e a Organização da Diocese de Braga").
Em 1106, Chamoínha Mourães e seus sobrinhos Aragunte Vimaraz, Chamoínha Gondis e Anagildo vendem à Sé de Braga uma propriedade em Nogueira. S. Geraldo era Arcebispo sendo o primeiro de Braga nessas funções (1096-1109). Doc.649 do Liber Fidei (Liber Fidei Sanctae Bracarensis Ecclesiae (Junta Distrital de Braga) - Edição crítica de J. Avelino Jesus Costa).
No ano de 1184, Ausenda Lourenço e marido Gonçalo Pais vendem ao Arcebispo D. Godinho (1175-1188) metade de um casal de Nogueira. Doc.838 do L.F.
O Deão e o cabido de Braga emprazam aos cónegos Lourenço Gonçalves e Lourenço Nunes uma herdade em Nogueira (1221), com todos os direitos, excepto voz e coimas. Juntam-lhe a seara de Portocarreiro e a terça de um casal. À morte do último reverte tudo para o cabido Doc. 594 do L.F.
Os Duques de Portucale
OS DUQUES DE PORTUCALE (História de Portugal de A.H.Oliveira Marques, pág.47).
Para tomarmos consciência da importância das personalidades que administraram Nogueira há mil anos atrás, realça-se a Dinastia Ducal.
Portucale nos finais do séc.IX destacou-se da Galiza e teve como Governador Diego Fernandez, um nobre Castelhano que casou com Onega Lucidez, filha de Lucido Vimaraniz e neta do famoso Vimara Pérez. A filha destes, Mumadona Diaz, casara em 926 com o Conde Hermenegildo (ou Mendo) Gonçalves, filho de um Conde Galego chamado Gonçalo. A linha dos Duques iniciou-se com o filho de Hermenegildo, Gonçalo Mendes, que herdou a província (território para Sul do rio Lima e para Norte do rio Douro) em 950 e morreu antes de 999.
Depois dele, uma dinastia de cinco a seis Governadores mantiveram Portugal unido como um verdadeiro feudo dentro da mesma família até meados do séc.XI, Mendo Gonçalves, Tuta ou Toda (Condessa D. Tuta ou Toda - tinha casa na freguesia de Nogueira e administrou as suas herdades nesta Freguesia e arredores), Alvito Nunez (?), Nuno Alvites, Mendo Nunes e Nuno Mendes. Este último herdou metade das propiedades que sua avó D. Ilduara Mendes tinha em Nogueira e arredores, tendo-lhe o rei D. Garcia feito a espoliação dessas propriedades.
Bermudo II (984-999) foi posto no trono pelo partido Português. Seu filho Afonso V (999-1028) foi educado em Portugal, ao cuidado de Mendo Gonçalves, que tomou conta da Regência durante a monoridade do Rei (999-1008) e com ele casou a filha. A Dinastia Ducal culminou em 1071 com a morte de Nuno Mendes.
Após a vitória de Pedroso, estes bens de Nogueira e arredores passariam do rei D. Garcia a Sancho II e deste para o rei D. Afonso VI, que os restituiu a Sesnando, Governador de Coimbra, e que mais tarde transitaram, por doação, para Eita Gondesendes e Esposa.
Jurados de Nogueira (SEC XIII)
Nas inquirições de D. Afonso II, Rei de Portugal em 1220 (Portugaliae Monumenta Histórica, de Alexandre Herculano), encontramos no índice Coregráfico no termo do Couto de Braga, que a Freguesia de S. João de Nogueira, como era designada na época (Sancto Johanne de Nogueira) possuía onze jurados, incluindo o Padre, os quais disseram que o Rei não tinha aqui reguengos (bens, terras do Rei), foros ou Patrono.
Também em juramento afirmaram e assinaram que esta Igreja tinha sesmarias (terras incultas) e a Igreja Bracarense tinha aqui umas casas (uma povoação), uma granja e vários campos, constituindo a povoação do mosteiro de Lomar.
História de Nogueira no Séc. XVIII
No reinado de D. Maria I, a freguesia de Nogueira, à semelhança de outras localidades portuguesas, era essencialmente agrícola. D. Maria I - a piedosa - filha de D. José I, para liberalizar a economia, extinguiu alguns monopólios protegidos pelo Marquês do Pombal e modernizou a agricultura e introduziu novas culturas, celebrou um tratado de comércio com a Rússia, criou novas fábricas e promoveu a abertura de estradas e a exploração de minas.
Segundo os registos do serviço militar de 1791 (Livro de Ordenanças do ano de 1791 - Arquivo Municipal da Câmara de Braga), a população de Nogueira era composta na sua grande maioria por Agricultores, geralmente caseiros, alguns chapeleiros, jornaleiros, alfaiates e carpinteiros, um tamanqueiro, um sapateiro, um enxambrador, um torneiro, um negociante e um estudante, de nome Manuel José da Silva, de 20 anos de idade e que frequentava as aulas de ordens menores, residindo no Lugar do Agrelo.
A Freguesia de S. João Baptista de Nogueira, como era designada em 1791, tinha 62 fogos, 140 habitantes masculinos e estava incorporada na 5ª e 6ª Esquadra da Companhia de Ordenanças que abarcava as Freguesias do concelho de Braga como S. Salvador de Dadim, Nogueiró (82 fogos), S. Tiago de Fraião (34 fogos), S. João Baptista de Nogueira (62 fogos), S. Paio D'Arcos (32 fogos), S. Tiago de Esporões (106 fogos) e S. Salvador de Trandeiras (35 fogos). Nessa altura, Nogueira possuía 12 Lugares habitados e que hoje ainda persistem, se bem com nome de Ruas:
Lugar do Agrelo - 15 lares;
Lugar de Vila Nova - 11 lares;
Lugar do Bairro - 11 lares;
Lugar da Quinta da Facha - 5 lares;
Lugar da Igreja - 4 lares;
Lugar de Penelas - 4 lares;
Lugar da Pedra - 4 lares;
Lugar da Granja - 3 lares;
Lugar de Rebordelo - 3 lares;
Lugar do Barral - 2 lares;
Lugar do Santo - 2 lares;
Lugar do Soutinho - 1 lar.
Na 5ª Esquadra de Ordenanças, era Cabo Manuel Luís, 57 anos, lavrador do Lugar da Pedra, e na 6ª Esquadra, o Cabo era Manuel José, 34 anos, lavrador do Lugar da Quinta da Facha. O Pároco da Freguesia, em 1797, era o Abade António da Cruz Araújo, que mandou edificar, por esmola, a Igreja Matriz de Nogueira.
Já no séc.XVIII, a freguesia de Nogueira constituía um núcleo abastecedor de trabalho à cidade de Braga, visto que o sector dominante, na época, era a agricultura, depreendendo-se que os mesteres eram exercidos fora da Freguesia, naquela cidade.
Fraião
O primeiro documento que nos fala de Fraião, data de 1089, o qual foi pretexto para o anunciado congresso Internacional Comemorativo do IX Centenário da existência da freguesia. Em Fevereiro de 1217 aparece pela primeira vez referida a paróquia de Santiago de Fraião, quando se descreve o emprazamento a João Baião, de leiras e casais, que ainda conservam mesmos nomes: Cortelho e Gandarela como pertencentes ao Cabido da Sé, com a obrigação de lhe pagar, além de outras dádivas, “trinta ovos e três capões, e, depois da morte, ficará outra vez tudo para o Cabido”.
Nas Inquirições de 1220, de D. Afonso li, acerca de “De termino Couto de Bracara”, afirma o pároco de então que o Rei não tem aqui foros nem padroado, apenas acrescentando que há uns casais dos hospitalários.
Nas inquirições de D. Dinis, em 12g0, revela-se que esta freguesia corresponde ao antigo lugar de Fraião.
No séc. XV, esta freguesia estava anexada a Sta. Cristina de longos, situação que se manteve até 1525.
O “Liber Fidei” faz referência a uma doação de um casal Paio Peres à Sé de Braga. Esta doação é confirmada por outro documento do Séc. XVIII “O Contador de Argote”, onde se especifica que a fazenda doada fica em Fraião.
Nas memórias paroquiais de 1758, escrevia o pároco que “Hoje, pela construção insignificante estacionou nas duzentas famílias. A igreja está situada no meio da freguesia e tem uma imagem de S. Bento num quadro que faz milagres”.
Em termos administrativos, Fraião esteve anexada a Nogueira, tornando-se independente em 20 de Fevereiro de 1903.
Património Cultural:
Fonte das Águas Férreas – Fica situada na nossa Freguesia, mais precisamente na Avenida Robert Smith.Foi uma das primeiras obras do arquitecto Carlos Amarante, datada de 1773, realizada por um Mestre Pedreiro e morador em Adaúfe, que a construiu por 80 Reis.
Foi reaberta em 1997, após a sua completa reabilitação, tendo sido deslocada cerca de cinquenta metros, A água é considerada mineral. hipotermal. com baixos teores de ferro. Muitas pessoas abastecem-se da água desta fonte. Igreja Paroquial – É uma estrutura barroca, de espaldar, inserida num recinto de planta em L. Os elementos decorativos que se podem observar no interior. da autoria de André Soares, assemelham-se a muitos outros que se podem ver na cidade de Braga. Casa da Filosofia – Pertence à Congregação Missionária do Espírito Santo e foi cedida ao Lar de Fraião. Cruzeiro de Fraião – Situado junto da Estrada da Falperra, foi erguido no século XVIII. Trata-se de um cruzeiro com pedestal prismático. coluna de secção circular com remate em cruz latina.
Lamaçães
Conhecida outrora como zona fértil e de cariz altamente agrícola, a Freguesia transformou-se numa zona habitacional da cidade, com os sectores dos serviços e do comércio a ocuparem um papel fulcral no desenvolvimento da Freguesia.
O documento mais remoto alusivo a esta Freguesia data do ano 899, numa pretensa doação de D. Afonso III de Leão, no dia da consagração do templo de S Tiago de Compostela.
Ao longo da história do Condado Portucalense que se tornou país, as referências a Lamaçães são diversas e recontam as tentativas de se apossar de tão fértil área, junto da cidade, por parte de nobres e do Cabido da Sé Catedral, já pelos anos de 1300.
Em 1570, numa escritura datada de 28 de Março e de 25 de Abril, com a assinatura de Frei Bartolomeu dos Mártires surge a capela de S. Sebastião, no lugar do Bom Real. No famoso ano da Peste Negra, que assolou toda a Europa, Lamaçães foi poupada. Daí a origem da festa da Segunda-feira de Páscoa – “Zirra-Zirra”. Uma outra capela, esta dedicada a Santo André, foi erigida em 1648, na Quinta da Torre. A actual igreja da Freguesia remonta a 24 de Agosto de 1805, data do início da sua construção, e inaugurada e benzida a 29 de Setembro de 1808.
Até 1930, a Freguesia nunca ultrapassou as 600 pessoas. O Minho Pitoresco de José Augusto Vieira, em 1887, caracterizava a freguesia como “de um solo tão fértil como pitoresco”. Os lugares mais emblemáticos revelam essa mesma matriz agrícola e a sua divisão em quintas e casas agrícolas: Arcela, Gróias, Senra, Torre, Azenha, Outeiro, Outeiral, Eira-Vedra, Silvães, Via Cova, Bouça…
A partir dos anos oitenta, do século passado, a agricultura foi sendo progressivamente abandonada, por se tornar cada vez menos rentável, permanecendo uma pequena agricultura de subsistência. A proximidade da cidade começa a pressionar a venda de terrenos e aumenta a especulação imobiliária, criando oportunidades fabulosas para o investimento na área da construção.
A implantação imobiliária, nem sempre coerente e, por vezes, mal organizada cria no Vale de Lamaçães uma nova área residencial, aumentando exponencialmente o número de moradores e de habitações, acompanhadas pela construção de grandes áreas comerciais e integrando a Freguesia na mancha urbana da cidade.
A mancha verde do Monte de Espinho prevalece, proporcionando uma área florestal à Freguesia e à cidade. A zona de Lamaçães, outrora agrícola, encontra-se agora urbanizada e nos últimos dez anos, em termos populacionais, assistiu a um aumento considerável, alterando drasticamente a matriz ancestral e agrícola da Freguesia.
Ontem agrícola, Lamaçães é hoje cosmopolita e heterogénea, inserida na vida da cidade e com capacidade de oferecer àqueles que a visitam uma variedade de serviços. Tentando conjugar a tradição com a modernidade, Lamaçães projecta tornar-se um forte pólo de atracção, com uma dinâmica social e económico de alto nível e capaz de se integrar de forma harmónica com os objectivos da cidade e da região.
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